Antracnose da soja
A antracnose é uma doença muito comum em todos os locais em que a soja é cultivada. É causada pelo fungo Colletotrichum truncata, que ataca os órgãos verdes fotossintetizantes da planta.
Causa sintomas do tipo cancro deprimidos e profundos, e um tipo de frutificação, caracterizadas por setas ou hifas pontiagudas, que podem ser vistas com uma lupa de mão.
Disseminação
Ao infectar as vagens verdes, a antracnose coloniza a semente em formação. Quando se inicia o processo de desidratação, a semente e o fungo entram em dormência, e assim permanecem durante a colheita e armazenagem.
Após a semeadura, surgem lesões nos cotilédones, evidenciando, assim, a transmissão da doença. Nestas lesões se veem os acérvulos com uma massa creme gelatinosa no seu interior, que são as frutificações do tipo conídio. Essa é uma frutificação chamada de molhada, ou seja, requer respingos de chuva para que sejam liberados dos acérvulos.
Portanto, as gotículas de chuva veiculam o inóculo, que, ao caírem sobre tecidos verdes (principalmente hastes e vagens), iniciam o processo de infecção.
Além disso, este fungo também sobrevive pela colonização ativa saprofítica da palha da soja. Ou seja, sempre que houver teor de água suficiente, ele pode esporular, produzindo inóculo, atingindo, assim, as plantas na safra seguinte.
Danos
A doença causa morte das plântulas, redução da população de plantas e, por consequência, diminuição na quantidade e na qualidade dos grãos da soja.
Ensaios conduzidos pelo Instituto Agris mostram que o número de nós estrangulados pela antracnose pode variar de 0,4 a 1,9 por planta, respondendo ao manejo de controle empregado para cada situação.
Autores como Hartwig (1959), Yorinori (1996), Koenning & Creswell (2006) citam danos na cultura de 18% a 45%. As perdas econômicas também são expressivas. Uma lavoura com rendimento potencial de 75 sacas/ha com 5% de incidência da antracnose em vagens/legumes, por exemplo, pode ter uma redução de produtividade de 139 Kg/ha. Com o preço da saca de soja em R$150,00 a perda estimada desta lavoura seria de R$347,25/ha.
A antracnose é uma doença silenciosa, que em muitos casos só é percebida quando já não é mais possível de controlar. Por isso, é importante que o produtor fique atento a sua lavoura e às práticas de manejo para controle da doença.
Controle:
O manejo da antracnose passa por três pontos principais: sementes, rotação de culturas e manejo químico e biológico.
– Sementes: Opte por sementes que tenham sido produzidas em áreas de rotação de cultura. Além disso, a eficiência da cobertura do tratamento de sementes é fator determinante para o sucesso do controle da doença. Por isso, recomenda-se que o TS seja feito com fungicidas que apresentem controle superior a 95%, tais como fenilpirazol, benzimidazóis e alguns triazois.
– Rotação de culturas: Evite a sucessão de soja com leguminosas, como lentilha, vigna e feijoeiro. De acordo com Reis, E., M., et al. (2011), para a total decomposição dos restos
cultural da soja são necessários 34 meses, portanto, enquanto houver resto cultural da safra anterior na lavoura, terá a presença da antracnose.
– Manejo químico e biológico: Especialmente em regiões que não realizam rotação com uma cultura alternativa à soja, recomenda-se o uso de produtos biológicos para acelerar a decomposição dos restos culturais da soja cultivada no ano anterior. Além disso, é recomendável o uso de fungicidas com maior fungitoxicidade. Algumas carboxamidas se destacam com maior resposta para o controle da antracnose em parte aérea, como o benzovindiflupir (Silva, B., S., et al. (2019)).
Conhecer o histórico da área, observar o clima e fazer e monitorar lavoura são medidas essenciais para o controle da antracnose na soja.